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Segurança do Trabalho – Uma Questão de Livre Arbítrio

No intuito de colaborar para o esclarecimento dos princípios pertinentes as bases da atividade de um sistema adequado de segurança e saúde no trabalho, apresento abaixo algumas considerações.


Um processo de mudança está baseado em alguns princípios que podemos assim classificar:


1. Princípio da Atitude


Representa a incorporação do pensar em segurança, ou seja, nossa mente assimila definitivamente o ideal de segurança, e o raciocínio sempre se baseia na garantia da vida e dos equipamentos. Aqui a base dos trabalhos está pautada no evitar as perdas. Com a finalidade de ampliar essa incorporação do pensar em segurança, e, portanto, a aceitação do “Pensar Segurança”, temos desenvolvido trabalhos em parceria com vários profissionais da área, que procuram através de ações vivenciais, transmitir aos assistentes o pensar em segurança. Este princípio corresponde ao “Pensar Segurança”.


2. Princípio Comportamental


O comportamento é a resposta exteriorizada do princípio da atitude, ou seja, representa a ação do homem pautado pela segurança. Exemplo simples pode ser dado através da realização dos exames médicos de prevenção pela garantia da saúde. Muitos não o fazem porque não acreditam que possam trazer resultados e dizem que quem procura acha.


Outros o fazem porque acham que irão falecer nos próximos dias. E muitos o fazem porque querem ter sobrevida e pensam também nos seus familiares e em suas responsabilidades para com eles. Isto representa a ação comportamental. Muitos fazem, mas efetivamente não acreditam. Isso significa que só faz, porque está sujeito a sofrer uma perda, a morte.


O trabalho de mudança comportamental deve se basear fortemente nesse princípio e com certeza apresentará resultados satisfatórios, visto que muitos tem primado pela utilização das ferramentas disponibilizadas por essa metodologia. Este princípio corresponde ao “Fazer Segurança”.


3. Princípio Tecnológico


É aqui que devemos procurar dar forma através da ampliação do conhecimento técnico sobre o que significa fazer, e orientar nosso pensamento e ações em segurança. Este princípio é desenvolvido através da aprendizagem e conhecimento dos valores e normas de segurança, sejam elas oriundas de regulamentos ou não. Nesse momento, o que devemos fazer é colocar tal conhecimento à disposição daqueles que conosco desejam trabalhar. Este princípio corresponde ao “Conhecer Segurança”.


4. Princípio Integrativo


Aqui deve ser desenvolvido o sistema que unirá os princípios já descritos, posto que de nada adiantará possuirmos apenas aquele que se baseia no cumprimento de uma norma. Devemos, portanto, ampliar conhecimentos no sentido de integrar os aspectos de “Pensar Segurança ”, com o de “Fazer Segurança” e o “Conhecer Segurança”.


Esclarecendo melhor o que já foi apresentado, é interessante comentar, que para aplicar aqueles princípios, utilizamo-nos sempre do princípio do LIVRE ARBÍTRIO, determinante da base principal de toda e qualquer mudança. Ele representa o direito mais básico do homem, que é o da LIVRE ESCOLHA.


Temos o direito de em função do livre arbítrio, escolher e tomar decisões de acordo com nossos princípios, ou mesmo quando em dúvida, seguir os passos de outrem. Nem sempre, entretanto, as decisões são tomadas levando-se em consideração todos esses aspectos, e por vezes, escolhemos aquilo que é mais FÁCIL. Precisamos estar preparados para as consequências de nossas ações.


A escolha do mais fácil pode não significar que se escolheu o mais adequado e, portanto, o mais seguro para a sobrevivência de nossas empresas. Portanto, existirão consequências mais, ou menos graves. Como resultado da aplicação inadequada daqueles princípios podemos nos tornar “cegos”.


Poderemos ter uma consequência grave, que será o encerramento e a falência de nossas empresas. Todo processo de mudança deve iniciar por nós mesmos, e não pelo próximo.


Acreditando que podemos realizar algo novo, demonstrando bons resultados, outros também darão início ao processo de mudança.


Excelentes resultados já foram alcançados nas diversas empresas através de programas de qualidade, tais como: Gestão da Qualidade (ISO 9000), 5S (Housekeeping), TPM (Manutenção da Produtividade Total), Manutenção Centrada em Confiabilidade, e o mesmo acontecendo com a Gestão Ambiental (ISO 14000) e pensando no agora a NBR ISO 55000 – Gestão de Ativos e na OSHAS 18000 – Gestão de Segurança do Trabalho.


Determinação e persistência são fundamentais no ser humano que busca participar de um processo de mudança. Obviamente alguns poderão cair ao longo da implantação do processo, mas a semente estará plantada.


Outros que em nós acreditaram, darão continuidade ao trabalho, que será implantado, e salvará nossas empresas, nossas vidas, e porque não nossos empregos. Somos nós que devemos incorporar, conhecer e fazer segurança, não devendo comodamente delegá-la a outrem.


Existe uma passagem na Bíblia (Mateus, capítulo 13, versículo quatro), intitulada “O Semeador”, que diz:


“Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se por falta de raízes. Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, setenta por um, trinta por um. Aquele que tem ouvidos, ouça. ”


Nesse processo, até o momento não temos todos os colaboradores de nossas empresas comprometidos com a função “Segurança”, visto que não é essa a área de atuação de todos eles.

No entanto, deixo aqui minha sugestão de que devemos nos orientar por esse caminho, já que todos os funcionários devem lutar pela preservação e segurança de suas vidas e dos seus empregos.


Assim nossos objetivos, como profissionais de segurança, passam também pela manutenção e sobrevida de nossas empresas colaborando para que as mesmas sejam perenes e competitivas.

Foi em função desse ponto de vista, que este artigo foi estruturado. Assim cabe a pergunta.


Estamos realmente multiplicando e aplicando adequadamente toda a informação já recebida ao longo de nossa carreira profissional?


Quanto investiremos mais sem gerar efetivamente multiplicadores do pensar Segurança nas diversas áreas de nossas empresas?


Poucas são as escolas que possuem o curso de especialização em nível de pós-graduação em Gerenciamento de Segurança do Trabalho, onde vários colegas de diversas empresas têm participado espontaneamente.


Cumpre lembrar que outros cursos também são disponibilizados por diversas outras entidades ao longo do ano. A expectativa é de que tais colegas sejam verdadeiros multiplicadores do conhecimento de segurança.


Integrar segurança significa um trabalho de parceria, sendo que os aspectos de excelência de um, possam ser aproveitados pelo outro, e vice-versa. As diversas áreas de uma empresa devem trabalhar de forma conjunta, como uma verdadeira equipe.


Operação, Recursos Humanos, Financeira, Planejamento dentre outras, devem primar pelo trabalho ético e perene.


Críticas que não sejam construtivas, e que não sejam colocadas abertamente por todos, servem apenas para desagregar o grupo, e nada somam ao processo.


Cabe a nós comprometermo-nos e envolvermo-nos com o processo de mudança. Seremos nós os que o realizaremos. Acreditar que podemos realizar algo, significa também aceitar correr riscos.


Vejam a estória da libélula: nasce no fundo do lago, e quando é chegada a hora, arrisca-se a subir à tona, transformando-se, deixando seu antigo corpo, e assumindo um novo.


Na transformação podemos observar que a libélula passa pelas seguintes situações:


a. Mudança da forma: deixa um corpo fisicamente constituído, assumindo outro;


b. Condição de vida: ao invés de rastejar, passa a voar;


c. Interesses: deixa de gostar do que tem no fundo do lago, e passa a gostar da liberdade do ar;


d. Ambiente: deixa a água, e passa para o ar.


Integrar segurança significa também passar por estas fases:


a. Mudança da forma: não acreditar em segurança, para o PENSAR SEGURANÇA;


b. Condição de vida: não salvaguardar adequadamente a vida, para o FAZER SEGURANÇA;


c. Interesses: ignorar aspectos tecnológicos e atuais, para o CONHECER SEGURANÇA;


d. Ambiente: deixar de ver aspectos isolados, para vê-los INTEGRAR SEGURANÇA.


Uma vez li e faço questão de repetir sempre: “A pessoa que não corre risco nada faz, nada tem, e nada é. Ela até pode evitar sofrimentos e desilusões, mas nada consegue, nada sente, nada muda, não cresce, não ama e não vive. Acorrentada por suas atitudes, vira escrava, priva-se de sua liberdade. Somente a pessoa que corre riscos é LIVRE”.


Caros colegas, a qualquer momento podemos exercer nosso direito de LIVRE ARBÍTRIO.


Esperamos ter contribuído para ampliar alguns conhecimentos que poderão ser aproveitados, desde que considerados úteis, coloco-me inteiramente à disposição, para quaisquer esclarecimentos.


Um grande abraço e bom trabalho.


FAÇA ALGO A MAIS!!!


Eng. Prof. Milton Augusto Galvão Zen

Ver. 24.08.2016

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