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O RUGBY e o Mercado de Trabalho

Artigo escrito e publicado anteriormente no site: Manutecao.net - http://manutencao.net/author/magzenuol-com-br/#.V8B7fJgrKUm

Apresento esse artigo escrito de uma maneira um tanto diferente.

A base é de uma entrevista.

Boa leitura.

A foto abaixo, já com 57 anos, hoje com 59 anos.

Ficha técnica

Nome: Milton Augusto Galvão Zen

Apelido no rugby: MEGATON

Idade: 53 anos

Nacionalidade: Brasileiro

Clube atual: Templários Rugby Club

Clube onde atuou: Escola de Engenharia Mackenzie

Seleção que defendeu: Brasileira: sem partidas oficiais.

Posição: segunda linha

1 – Com quantos anos começou a jogar rugby? Quando o rugby passou a ser parte de sua vida?


Com 18 anos, ao entrar na escola de engenharia da Universidade Mackenzie, no dia exato da confirmação da matrícula fui abordado por dois veteranos jogadores de rugby. Seus nomes: Luís Dias Patrício (BATATA) e Paulo Roberto Maria Velzi. Me convidaram a assistir um treino e daí em diante não mais parei. Joguei firme por 8 anos e depois mais espaçadamente. Mas sempre pelo Mackenzie.


Pratiquei muitos esportes. Futebol de campo e de salão, no primeiro grau, antigos primário e ginásio. Basquete, vôlei e futebol de salão, foram meu forte no segundo grau (colegial). Até karatê pratiquei. Mas foi o bichinho do rugby que me conquistou.


Nele fiz muitos amigos com quem mantenho contato ainda hoje. Fui padrinho de casamento de um dos colegas e ele do meu. Seu nome, Reinaldo Lopes, conhecido na época como Reinaldão. Um grande segunda linha.


2 – Como se preparava para cada partida?


Como pratiquei esportes desde criança, uma das coisas mais importantes que sempre recebia de orientação era a questão da disciplina. Minha educação está embasada no padrão italiano e no português. Nesse ambiente familiar sempre fui cobrado por amor pelo que se faz, respeito ao próximo, lealdade e disciplina.


Assim, para assimilar os princípios do rugby foi bastante fácil.


O condicionamento físico era e continua sendo uma questão primordial para todo desportista. Para o rugby também. Quando treinava fortemente, aulas de condicionamento eram praticadas ao menos três vezes por semana. Quanto aos treinos táticos, pelo menos duas noites eram dedicadas por semana.


Os treinos eram intensos e nosso técnico sabia como exigir de seus comandados. Ele era romeno e a disciplina para os treinos era imensa.

Aos poucos fui ganhando confiança e após poucos meses de treino assumi a posição de segunda linha e não mais a deixei. No período em que joguei tive outros três jogadores como parceiros de segunda linha. Silvião, foi o primeiro. Reinaldão o segundo e Michel o terceiro.

Nos treinamentos iniciais batia-se muito os fundamentos do rugby. O passe e o tacle eram os principais. Sem eles, perdia-se e ainda se perde muito jogo.


Me dediquei de corpo e alma ao rugby. Foram anos especiais em minha vida. Acredito que foi no rugby que acabei por talhar e moldar os princípios finais para um mercado de trabalho competitivo.


Para as partidas nos finais de semana iniciava a preparação pelo menos dois dias antes. Minha alimentação era comedida e baseada em carbohidratos. Afinal em um jogo perdia pelo menos 3,5 a 4,5 quilogramas. É óbvio que os recuperava rapidamente, pois era necessário manter o peso e a força necessários para suportar um ritmo de jogo e treinos fortes.


O interessante que meu peso girava em torno de 102 kg. O foi por cerca de 14 anos. Hoje tenho 94 quilogramas. E nem de longe o preparo físico de antigamente.


3 – Poderia nos contar algo sobre um momento memorável como jogador de rugby?


Minha carreira como jogador sempre foi muito feliz, pois nunca tive sequer uma contusão grave em quase 14 anos de prática. Joguei bastante e durante alguns anos, ganhei alguns títulos. Não foram muitos, mas todos eles me deixaram feliz em poder contribuir para todo um time a ser campeão, ou ainda vice-campeão.


Joguei rugby apenas na categoria adulta e quando tivemos um técnico argentino, cujo nome era Luis Hector, conheci o que significava a prática desde cedo por parte dos jovens argentinos. Lá, as crianças nascem e parece que já iniciam sua carreira de jogador de rugby. Já nascem praticando. Não é a toa que possuem o melhor rugby na América do Sul.


Tive a oportunidade de ser convocado para a seleção brasileira e participar de muitos treinos, porém em um deles acabei sofrendo uma contusão que em função da proximidade do campeonato sul americano, acabei sendo cortado.


Depois dessa oportunidade acabei não tendo outra, afinal já havia iniciado uma carreira profissional na área de engenharia e não tinha mais o tempo necessário para desenvolver um trabalho forte de preparação.


Vestir a camisa da Seleção Brasileira, mesmo que por pouco tempo, me trouxe muito prazer. Estar entre os melhores do Brasil, me fez perceber que poderia contribuir muito para o desenvolvimento do esporte.


Joguei de 1983 até 1990 com menor participação nos campeonatos. E foi na Mack-Med de 1990 (veteranos) que obtive meu último título de rugby. Essa disputa sempre foi muita aguerrida entre nós da engenharia e os colegas médicos.


No início desse ano, mais precisamente em janeiro 2011, foi que tive a oportunidade de conhecer um dos fundadores do Templários Rugby, de São Bernardo do Campo. Seu nome, Diego Martins, também capitão do time. Pedia auxílio para a condução do esporte na região.

De pronto questionei se estavam com intenções de se dedicar forte ao rugby e quanto teriam de disciplina para tal. A resposta foi direta. Total disposição. Queremos crescer e precisamos de ajuda para alcançarmos resultados mais rapidamente.


O técnico que os apoiava era e ainda é o Sr. Leandro Pereira, mais conhecido como Chubby. Ex-jogador do SPAC e atualmente assistente na Confederação Brasileira de Rugby, ajudando a treinar a seleção feminina.


Percebi então que havia chegado o momento de retornar ao rugby. Dar aquela atenção que há muito desejava. Passei então a dedicar parte de minhas horas semanais ao rugby. Maior volume de leitura técnica e de busca de informações sobre a atualidade do rugby.


4 – E a homenagem Destaque em Rugby?


Essa homenagem recebi no ano de 1980. Ela era dada àqueles jogadores que haviam se destacado ao longo dos anos de universidade. Para a homenagem contava-se a dedicação, o amor pelo esporte, os títulos alcançados e obviamente a presença constante nos treinos e jogos.

Ver seu trabalho reconhecido é muito bom e só o recebi porque meus colegas também acreditavam que tais esforços mereciam ser valorizados.


Os títulos que conquistei durante esse período que pratiquei o rugby foram importantes, mas esse reconhecimento de todo um grupo de colegas representa tanto ou mais do que os campeonatos alcançados.


5 – E como assistente técnico?


Hoje, sou assistente técnico do Templários Rugby e a primeira providência que tomei ao aceitar apoiar e treinar a equipe foi realizar o curso de Coach nível 1 da CBRU.


Agora, apenas aguardo receber o certificado e assim que ocorrer, na primeira chance farei o curso de nível 2.


Agradeço a DEUS essa nova oportunidade de me aproximar do esporte e estou me dedicando a ele. Em alguns momentos preciso fazer algumas negociações com minha esposa, afinal já não tenho 30 anos e tenho muitos outros afazeres. Os treinos ocorrem às segundas e quartas feiras a partir das 21:30h na ADC Mercedes-Benz em Diadema, estado de São Paulo.


Como sou associado, tive aceito meu pedido para abrirem espaço para nossos treinos no campo principal. Inclusive realizamos partidas amistosas utilizando o campo de gramado artificial.


Uma das considerações que sempre faço nos treinos é a necessidade de dedicação ao esporte. Sempre fui muito exigente comigo, em todos os sentidos, e preciso me policiar, pois os jovens estão iniciando no esporte agora. Minha esposa sempre me lembra que é preciso ter cuidado ao exigir aquilo que você ainda não sabe se o outro poderá dar.


Ter apoio médico, hoje é muito importante no esporte. A maioria dos jogadores são praticantes de jiu-jitsu, judô ou mesmo são professores de educação física. Apesar disso, tenho certeza de que já perceberam que o rugby é completamente diferente. Como esporte de contato, força e agilidade, exige-se muito do corpo.


É necessária uma atenção especial ao aspecto psicológico, afinal as partidas são sempre muito disputadas.


5 – Qual sua visão sobre o presente e o futuro do rugby no Brasil?


Pelo que tenho acompanhado da seleção brasileira de rugby é que um trabalho sério está em desenvolvimento. Os resultados alcançados demonstram isso. Vejam os resultados desse último sul americano. Duas derrotas e uma vitória.


Derrotas para Chile e Uruguai, forças do rugby em nossa região depois da Argentina. Os resultados foram magros a favor de nossos adversários. Ganhamos do Paraguai com folga. Portanto estamos crescendo verdadeiramente. Até 2016, quando o esporte será um dos que estarão presentes na olimpíada, com certeza representaremos o país com uma força considerável.


O rugby em nossa terra está em pleno desenvolvimento. Depois do futebol é o esporte com maior penetração na mídia internacional. Os volumes financeiros dedicados a ele são imensos.

Na partida final da Copa da Europa, entre os clubes do Leinster (irlandês) e Northampton Saints (inglês) por 33 a 22, com direito a um verdadeiro show, foi presenciado por 74000 pessoas em um estádio completamente lotado.


A transmissão direta e ao vivo pela TV, com comentários de especialistas no assunto demonstram que o esporte está se viabilizando financeiramente no Brasil.

O apoio que a Confederação Brasileira de Rugby tem recebido de grandes empresas é um sinal claro de crescimento do esporte no Brasil.

Eu, que tenho acompanhado de perto o esporte nos últimos meses, pude constatar a quantidade imensa que não para de crescer, de novos clubes de rugby. Se você digitar na internet Rugby no Brasil verá o volume imenso de links que aparecerão. O crescimento é, portanto, sustentável e viável.


6 – Como você faria um paralelo entre o rugby e sua profissão como gestor atuando em uma grande empresa?


Desde que me formei na escola técnica, isso nos idos anos de 1975, sempre tive a oportunidade de trabalhar com excelentes profissionais. Tive o cuidado de me espelhar nos melhores.


Mesmo durante o período escolar, ainda no ginásio sonhava em ter a qualidade de uma professora de matemática, cujo nome era Dna. Ondina. No colegial técnico, prestava muita atenção no Prof. Frassatti e no Prof. Mueller. Eram no meu entender espetaculares.

Já na faculdade de engenharia, um dos que mais me chamou a atenção foi o Prof. Roman Albrandt, sua especialidade era eletromagnetismo. No pós de engenharia de segurança do trabalho, dois professores me chamaram a atenção. Foram eles, Prof. Celso Atienza e Elias de Paula.


Nas empresas em que trabalhei como engenheiro, a primeira foi a Westinghouse do Brasil, nela meu mentor foi o Sr. Gianfranco Paganelli, gerente de projetos. Na ASEA buscava aprender com o Eng. Jose Carlos das Neves e hoje na Mercedes-Benz do Brasil, o primeiro foi o Engenheiro Wieland Kroener e após sua aposentadoria e falecimento o Eng. Luis Tavares de Carvalho, hoje consultor passou a ser o meu mentor.


Além do ambiente empresarial, me dedico também ao universitário, pois desde 1998, sou coordenador do curso de pós-graduação de Gestão da Manutenção na Fundação Educacional Inaciana – FEI e professor convidado para o curso de engenharia de segurança do trabalho na mesma entidade.


Aprendi muito com vários outros profissionais ao longo de meus quase 35 anos de trabalho e a todos faço questão de deixar o quanto sou grato pela oportunidade que tive em trabalhar com eles.


O grande elo entre todos eles, que me fez prestar muita atenção nas suas atitudes foram o amor pelo que fazem, a dedicação ao trabalho, o respeito ao próximo, a lealdade, a força do coletivo e a união, a constante atualização e a busca do autodesenvolvimento, além de muita disciplina, dentre outros comportamentos.


Todos esses aspectos comportamentais e técnicos são primordiais no ambiente do trabalho, e eu os tive reforçados nos anos de prática do Rugby. Nele, dois técnicos me ajudaram a alcançar os resultados que obtive no esporte. Foram o Sr. Vogel e Sr. Luis Hector.


Assim, o esporte ajudou-me a moldar o profissional que sou hoje. Tenho consciência de que continuarei a aprender sempre, principalmente porque o mundo continua em constante mudança.


Em recente publicação, Willian McRaven listou as principais regras para alcançar sucesso em uma missão. Para quem não sabe, ele é um dos responsáveis pelo ataque bem-sucedido à Bin Laden.


A teoria apregoada por ele é:


1. Simplicidade.


Escolha poucos alvos a serem atingidos rapidamente. O excesso de objetivos obriga o uso de mais soldados e tira velocidade da ação. Use todas as informações necessárias sobre o adversário e armas e tecnologia devem e podem ser usadas.

2. Segurança.


Mantenha o treinamento da tropa longe dos olhos do adversário, assim como data e local do ataque.

3. Repetição.


Todas as etapas da operação devem ser simuladas à exaustão.

4. Surpresa.


A hora do ataque deve explorar as fragilidades do adversário. Ações divisionárias podem e devem ser utilizadas. Isso confunde o adversário.

5. Velocidade.


É um dos principais fatores de sucesso. Quanto mais tempo levar para realizar a ação, maior a possibilidade de reação do adversário se preparando para a defesa e contra-ataque.


6. Propósito. Todos devem conhecer o objetivo da ação a ser realizada e precisam estar comprometidos pessoalmente com o resultado para que possam superar quaisquer imprevistos.


Um mercado competitivo em um mundo globalizado é com certeza estressante.


Dos gestores mais jovens espera-se grande disponibilidade para viagens constantes, reuniões fora de hora e em qualquer lugar do mundo, múltiplas línguas e diversidade cultural.


Essas necessidades, também se repetem no Rugby. Intercâmbio entre nações é uma constante. O técnico da seleção brasileira é argentino. Busca-se aprimorar esse intercâmbio com outros países como os europeus e África do Sul.


Como podem perceber o mundo hoje é todo conectado. O esporte e o ambiente empresarial estão entrelaçados e as experiências vividas em ambos os ambientes podem e devem ser aproveitadas.


Recomendo que todos aqueles que tiverem uma chance de poder contribuir para o desenvolvimento do esporte, seja qual ele for, tenho certeza de que agregarão valor ao seu Curriculum vitae.


Essa é a realidade a ser enfrentada e vencida.


Observações:

a. Hoje estou com 59 anos

b. infelizmente não mais atuo como assistente técnico do Templários Rugby


Eng. Prof. Milton Augusto Galvão Zen @twitter.com/magzen

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